O fato de as decisões judiciais não dependerem apenas da razão é uma suspeita que se tornou famosa pelos realistas americanos em meados do século XX. Com o apoio de experimentos realizados desde então, os autores deste volume – dois juristas e um psicólogo – propõem um postulado, talvez menos ingênuo do que o ponto de partida realista: que emoções, intuições, preconceitos e vieses desempenham um papel decisivo nas decisões, do qual nem mesmo os juízes mais experientes conseguem escapar, e nos levam a cometer erros sistemáticos. Mas isso não se traduz em desconfiança em relação à função de julgamento. Pelo contrário, a consciência dos fenômenos neurais e mentais que têm uma influência decisiva no julgamento torna possível controlar os processos de pensamento e limitar a possibilidade de erro. A racionalidade, então, passa por uma transformação, pois não se trata mais de ignorar a “figura afetiva”, mas de mantê-la à distância e saber como operar com ela.

Proceso y decisión 
